31 de Agosto de 2016 – Dia da Infâmia! Golpe!!!!
Agosto se consolida no
imaginário político brasileiro como um mês de acontecimentos dramáticos e
recheados de simbologia na história nacional. Nesse sentido, Gustavo Villela
escreve em artigo publicado no site oglobo.comoglobo.com sobre o grande número de eventos
marcantes.
“O
oitavo mês dos calendários juliano e gregoriano poderia ser pulado na política
brasileira. Com os seus longos 31 dias, agosto entrou para a História do Brasil
marcado por tragédias. O mês viu de tudo: de suicídio e renúncia de presidentes
da República até mortes de ícones da política nacional. Entre eles, o
ex-presidente Juscelino Kubitschek e Miguel Arraes, ex-governador de Pernambuco
e símbolo da esquerda no país, morto no mesmo dia 13 de agosto do seu neto,
Eduardo Campos, vítima de acidente de avião em 2014”.
O último dia do mês de
agosto do presente ano também contribuiu para aumentar a fama de mês dramático
para a política tupiniquim. País com democracia jovem, restaurada em 1988, teve
a decretação do afastamento definitivo da presidenta eleita Dilma Vana Rosseuf.
Por 61 votos à 20, a maioria do Senado Federal condenou a referida presidenta e
a mesma foi destituída de seu cargo.
Dilma ganhou a quarta
eleição consecutiva de um membro do PT (Partido dos Trabalhadores). Depois de
dois mandatos do sociólogo Fernando Henrique Cardoso de Melo (PSDB), que teve
caráter liberal, ao privatizar grandes estatais em processos turvados com
denúncias consistentes de corrupção, de arrojos
salariais, pouco investimentos públicos, em 2002 o Brasil elegeu o ex-operário Luís
Inácio Lula da Silva.
Com um governo que conciliou interesses do
grande capital com distribuição de renda que possibilitou a ascensão massiva de
classes mais baixas, Lula pautou seu governo no fortalecimento do mercado
interno, no fortalecimento de uma política externa multilateral, e em fortes
investimentos públicos e fortalecimento das empresas estatais (com destaque
para a Petrobrás que acabava de descobrir enormes jazidas de petróleo no
litoral brasileiro). Foi privilegiado por um período de expansão econômica chinesa
forte, que aumentou em muito os preços dos produtos exportados pelo país.
Teve seu mandato abalado
pelo chamado escândalo do Mensalão, onde políticos importantes de seu partido
foram acusados de pagamentos de propinas para a base parlamentar votar em projetos
de leis do PT. Em um processo fortemente influenciado pela grande mídia
nacional e criticado por muitos juristas, por faltas de provas, alguns
importantes caciques políticos do partido foram condenados (José Dirceu e José
Genuíno, entre outros). Mesmo sem provas que demonstravam a existência do
suborno, tais políticos foram considerados pelo STF como culpados.
Mesmo sendo bombardeado
por uma clara cobertura imparcial da mídia e rescaldado pelo chamado processo
do Mensalão, Lula deixou seu mandado de presidente com índices recordes de
aprovação popular. Com números históricos de emprego, econômica em bom ritmo de
crescimento, obras de grande impacto popular, como Luz para Todos (gerida pela
então ministra de Minas e Energia Dilma), Minha Casa Mina Vida, Programa de
Aceleração do Crescimento, a popularidade do presidente operário era
gigantesca. Com enfoque em programas sociais, como “Fome Zero”, “Bolsa Família”,
e na valorização do salário mínimo, seu governo teve grande eficácia no combate
á miséria e à distribuição de renda, problemas crônicos no país.
Nessa esteira, conseguiu
indicar dentro de seu partido, a então neófita em disputas eleitoras, a ministra
da Casa Civil, Dilma Roussef. Como muitos dos caciques do partido tiveram seu
prestígio abalado pelo episódio do mensalão, Lula via na ministra de pastas
importantes de seu governo (Minas e Energia e Casa Civil) a pessoa certa para sua
sucessão. Vista como honesta e boa gestora, mesmo que à contragosto de muitos
nomes de peso do partido, Dilma foi indicada, e mesmo não sendo uma pessoa
conhecida pelo grande público e sendo reconhecida como pouco flexível e de
pouco carisma, foi eleita, derrotando o PSDB, principal partido de oposição ao
PT, pela terceira vez.
Teve um primeiro governo
semelhante ao de seu antecessor, continuando com políticas de investimentos
públicos, criação de escolas técnicas e manutenção da valorização do salário
mínimo e programas sócias, conseguiu de forma apertada se reeleger, ganhando
pela quarta vez, do PSDB, perante o Senador mineiro Aécio Neves. Um ponto
importante em seu governo foi a sua decisão de através dos bancos públicos,
Caixa Econômica e Banco do Brasil, baixar juros bancários forçando a
concorrência privada à também baixar suas taxas. Após tal medida, a mídia
mercantil, que nunca fora simpática aos governos do PT, passou a ser cada vez
mais implacável com a Presidenta.
No mundo, a crise
econômica que assolava o mundo dede 2008, considerada por alguns, como a mais
grave do capitalismo desde 1929, começou a ter reflexos no Brasil. Nesse
sentido, Dilma após acirrada vitória eleitoral, assume seu segundo mandado em
um Congresso Federal considerado o mais conservador desde 1964. Já não era mais
possível conciliar lucros aos ricos com distribuição de renda. Com diminuição
da base aliada, com forte ataque da mídia, acirramento da crise e com políticas
conservadoras, Dilma inicia seu governo.
Desde o início a oposição
passou a tentar destituir a presidenta. Tentaram contagem de votos, impugnação
da eleição no Tribunal Superior Eleitoral e até o processo de impeachment que
se sagrou vitorioso. Acuada por todos os lados, sem o tino político aguçado
como de seu antecessor, Dilma cedeu cada vez mais ao principal aliado político,
o fisiológico PMDB, partido com grande presença no Congresso e de força
regional, mas sem grande liderança nacional. Nomeou vários ministros do partido
aliado, porém o apoio nunca veio da maneira necessária para tornar viável a
governabilidade.
Nesse tempo, já corria
desde antes da eleição, a chamada Operação Lava Jato. Tal operação encampada
pela polícia federal, Ministério Público Federal e Poder Judiciário, tinha como
objetivo investigar casos de corrupção da gigante estatal Petrobrás. Com ações
midiáticas e viés parcial, deixou de lado os vários indícios de corrupção
perpetuada na era FHC e criminalizou toda atividade do partido da presidenta
Dilma.
A popularidade da
presidente, antes em bons níveis, passou a despencar. Com uma atuação
flagrantemente imparcial da mídia, principalmente da Globo, Veja e Folha de São
Paulo, o descontentamento de parcelas da população passou a ser grande.
Passeatas pedindo o impedimento da presidenta eleita passaram a ser frequentes.
Grupos como Movimento Brasil Livre (MBL) e Revoltado On Line, passaram a
organizar movimentos contra a chefa do governo federal. Posteriormente, em
escutas policiais, ficou comprovado que tais grupos eram financiados pelo PMDB (partido do Vice Presidente) e do PSDB.
A situação de Dilma se
agravou, quando o presidente da Câmara dos Deputados, o escroque Eduardo Cunha,
passou a chantagear a presidenta, visto que a mesma não barrou as investigações
contra o deputado. Deputado este envolvido em escândalos desde a era Collor
(Telerj), apadrinhado político de Paulo Cézar Farias (PC Farias), com contas
ocultas descobertas na Suíça, acuado pelo fato das investigações estarem se
aproximando bastante dele, em retaliação a presidenta, abriu um processo de
impeachment contra a presidenta eleita. Processo esse com frágeis acusações.
Apenas com argumentos que a presidenta tinha cometido irregularidades
contábeis, as chamadas Pedaladas Fiscais, o processo foi instaurado.
Eduardo Cunha presidiu e
conduziu o processo na Câmara. Influente e astuto, sendo arrecadador de
recursos para a campanha de vários deputados, Cunha controlava grande parte da
Câmara. Assim, à sombra da retaliação de Cunha, o processo foi admitido na
Câmara dos Deputados.
Dessa forma, Dilma foi
afastada da presidência dando lugar ao vice, o traidor Michel Temer. Político
do PMDB e sem expressão eleitoral, foi alçado ao posto e vice-presidente em
troca do apoio parlamentar do partido. Quando viu a oportunidade de atingir o
posto da presidência, tramou solenemente contra sua companheira de chapa.
Quando assumiu ainda interinamente,
trocou o plano de governo que foi submetido à escrutínio popular, por um plano neoliberal
de caráter recessivo idêntico ao do PSDB, partido perdedor das eleições. Extinguiu
ministério, cortou programas sociais, tirou todos negros e todas as mulheres de
seu governo e nomeou justamente para ministérios chaves, justamente políticos
do PSDB, como José Serra.
Antes mesmo de ser
efetivado, já determinou um grande processo de privatização. Uma reforma
trabalhista onde direitos sociais serão flexibilizados, a venda dos recursos
petrolíferos para empresas estrangeiras, dando fim ao plano de financiamento da
saúde e da educação com os lucros do petróleo. Com um projeto que enterra a
Constituição Federal do 1988, quer implantar uma emenda constitucional que
congela os gastos públicos por 20 anos, assim, investimentos em educação,
saúde, habitação, etc só voltariam a ser feito 20 anos depois.
Configurando o caráter
nefasto do impedimento da presidenta, escutas realizadas na operação Lava Jato,
flagram o senador do PMDB (então indicado como ministro do governo interino)
conversando com Sérgio Machado (dirigente da Petrobrás) sobre a necessidade de
afastar a presidenta Dilma, visto que a mesma não era conivente com a corrupção
e não barrava nenhuma investigação. Para eles Temer era a solução para que os
escandalosos esquemas de financiamento de campanha não fossem punidos.
Nesse contexto, Dilma
afastada, foi julgada por um grande número de senadores envolvidos até o
pescoço com a operação Lava Jato. Sem nenhuma acusação de enriquecimento
ilícito, de envolvimento nos desvios da Lava Jato, apenas com uma acusação de
irregularidades fiscais, Dilma foi destituída de seu cargo em um impeachment
sem configuração de crime de responsabilidade. Tal processo
configurou claramente um GOLPE, mesmo que a grande mídia nacional, e os autores
do golpe neguem.
Dias tenebrosos se
apresentam para o futuro próximo. Com um presidente sem nenhuma responsabilidade
com o eleitorado, Temer pode trucidar a Constituição Federal e acabar com
Direitos e Garantias Fundamentais que ainda nem tinham se consolidado em nossa
sociedade. Direitos Trabalhistas, Sistema Único de Saúde, Valorização do
Salário Mínimo, Independência e Valorização do Funcionalismo Público, Recursos
do Pré-Sal, Eduação Superior Gratuita, Previdência, etc, estão todas em risco.
Visto que após perder 4 eleições consecutivas a direita brasileira conseguiu
chegar ao poder através de um golpe parlamentar.
Agora que o traidor
Michel Temer está alçado ao posto de presidente, só o povo nas ruas será capaz
de conter o retrocesso avassalador que está previsto.
Muitos acreditam que em
2018 Lula voltará como salvador da pátria e será eleito, restaurando as
conquistas da era Petista. O que o povo e os dirigentes do PT parecem não
perceber é que em 2 anos muitos estragos poderão ser feitos, alguns
irreversíveis. Fora que a criminalização do ex presidente Lula aponta que
o mesmo pode ser condenado à qualquer momento, mesmo sem nenhuma prova, ficando
inelegível.
Sem povo nas ruas, com
intenso combate ao retrocesso social proposto pelo governo ilegítimo, os
Direitos e Garantias Fundamentais duramente conquistados pelo povo brasileiro,
serão todos jogados no lixo!!!!
#foratemer