sexta-feira, 31 de julho de 2015

TÔ TE EXPLICANDO PRA TE CONFUNDIR E TÔ TE CONFUNDINDO PRA TE EXPLICAR

Do ótimo http://euovo.blogspot.com.br/

O novo disco da banda paulistana 'Passo Torto' vem pra confundir e complicar o entendimento e a percepção.  
'Passo Torto' é uma super banda paulistana. São os caras mais inventivos da cena musical da cidade de São Paulo. Formada por Rômulo Fróes, Kiko Dinucci, Rodrigo Campos e Marcelo Cabral.
Junto com a cantora Ná Ozzetti, eles lançaram o álbum 'Thiago França'. Não... O saxofonista França não faz e nunca fez parte da banda – assim como não participa deste disco. Apenas foi homenageado no título numa clara alusão a eterna confusão que sempre o colocam como membro deste supergrupo.
O fato é que o França toca com toda essa galera em seus trabalhos solo, com Kiko Dinucci ele mantém o 'Metá Metá', que ainda tem a cantora Juçara Marçal, com o Rômulo Fróes ele gravou o álbum mais recente, 'Barulho Feio', com Rodrigo Campos gravou o 'Bahia Fantástica' e com o Marcelo Cabral integra o 'MarginalS', junto com o baterista Tony Gordin.
Foi então que esse quarteto de cinco fez um dos álbuns mais complexos do ano – o álbum 'Thiago França' – com a cantora Ná Ozzetti. O disco é osso duro de roer e ouvir. Uma pérola que faria sorrir o maestro vanguardista Itamar Assumpção e que deve deixar orgulhoso o mestre Arrigo e todos aqueles outros que integraram o movimento de vanguarda paulistano. Mas não tem saxofone nesse disco...
Essa galera do 'Passo Torto' representa a nova geração de vanguardistas e seguem à risca a inventividade e dodecafonia e hermetismo. Impossível terminar a audição deste álbum sem estar modificado ou transtornado de certa forma – de preferência em posição fetal ou em desespero catatônico. Tá esperandoquê?
2015 Thiago França (Passo Torto + Ná Ozzetti)
1. Cipó
2. Perder essa mulher
3. Beth
4. Onde é que tem?
5. Esse homem
6. Homem comum
7. Palavra perdida
8. O cinema é melhor
9. Bloco torto
10. O cadáver

Abaixar

segunda-feira, 20 de julho de 2015

Whiplash: Em Busca da Perfeição - A legitimação do Assédio Moral

           Whiplash: Em Busca da Perfeição (Damien Chazelle),  foi vencedor do Festival de Sundance em 2014 e bastante aclamado pela crítica em geral. Conta a história de um jovem estudante, interpretado por Miles Taller,  de um consagrado conservatório que sonha em ser uma lenda da música. Após ensaiar muito, ele consegue o posto de baterista substituto na banda principal da escola, comandada pelo impetuoso Terence Fletcher (J.K Simmons).
           No decorrer do filme, observa-se a tentativa do jovem baterista de conseguir ser um grande instrumentista e ganhar o aval do exigente e maníaco maestro Terence Fletcher. Este, nos ensaios de sua grande banda de jazz, humilha, constrange e em seus acessos de fúria, chega ao extremo de agredir fisicamente seus pupilos, como tapas na cara e arremessando cadeiras no baterista.
           
            Porém, no transcorrer da história, o próprio protagonista, o baterista humilhado, tenta legitimar toda a agressividade do maestro. Entende o jovem que para ser tornar uma lenda da música, para transcender à mediocridade é necessário passar por as mais diversas superações. Mesmo ficando com raiva do maestro, sempre entende que no fundo o mesmo tem razão. Assim, deixa de lado relações familiares e afetivas.
             O experiente ator J.K Simmons, conhecido por papeis menores, como o pai da Juno (Juno) e o patrão de Peter Packer (Homem Aranha) John Jonah Jameson, tem a possibilidade de mostrar seu grande talento dramático, sendo que sua atuação brilhante como o maestro ensandecido lhe rendeu o Oscar de melhor ator coadjuvante. 

              O filme traz belas performances musicas, como da música título Whiplash e Caravan. Músicos e admiradores de música ficam encantados com as execuções da banda do maestro ditador.
                
                 Porém o aclamado título tem defeitos graves, não relatados pela crítica que o aclamou como grande filme. O jovem protagonista, sofre um grave acidente de carro e ao invés de procurar cuidados médicos comparece à uma apresentação e toca sua bateria. Situação pouco crível, visto a gravidade do acidente e do esforço necessário para a execução do instrumento de percussão.

                 Mas o mais deplorável é justamente a defesa da ideologia de que o assédio moral é legítimo quando se trata da descoberta de grandes talentos. Tal ideologia muito presente nas grandes empresas acaba por gerar humilhações e transtornos psicológicos em seus trabalhadores que são submetidos a pressões cada vez maiores por seus gerentes e coordenadores. 

                 Dessa forma, em que pese o fato da atuação de J.K. Simmons ser brilhante, das belas sequências de números musicais, tem cenas pouco realistas e é carregado de uma ideologia quase fascista, não observada pela maioria da crítica que teceu loas à esse filme. 



quinta-feira, 16 de julho de 2015

A Culpa é do Lula/Dilma



Nos grandes meios de comunicação, todos acontecimentos negativos são automaticamente reputados à dupla Lula/Dilma. Do asfalto do município à crise da Grécia. De uma suposta decadência nos valores, até à todos os atos de corrupção nacional, parece piada, mas não é.

Essa situação me faz lembrar ao belo filme francês, da Diretora Julie Gravas (filha do também diretor Costa Gravas), que narra a história de Anna (Nina Kervel-Bey), que acredita que todos os seus problemas são culpa de Fidel Castro.
Vejam o texto do Luiz Carlos Azenha, do ótimo Vi o mundo:

Lula faz piada, mas comentário de Sardenberg sobre a Grécia mais parece terrorismo midiático

publicado em 07 de julho de 2015 às 23:39
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O ex-presidente Lula brincou publicando a montagem ao lado, mas Sardenberg usou uma concessão pública para tocar terror
por Luiz Carlos Azenha
Carlos Alberto Sardenberg tem acesso diário a milhões de ouvintes e telespectadores brasileiros. É economista e, apresentado como tal, ganha automaticamente a chancela que o título lhe confere entre os leigos. Como disse o perfil do ex-presidente Lula no Facebook, é um homem de seis empregos.
Preso no trânsito, eu mesmo já ouvi dezenas de bobagens ditas por Sardenberg na CBN. Suas análises são rasas, formulaicas e basicamente repetem o que lhe diz o pessoal daquela entidade que paira sobre todas as outras, um ente quase religioso, “o mercado”.
“O mercado”, no mundo de Sardenberg, não representa interesses. Se os bancos têm lucros gigantescos mesmo numa economia desacelerada, não há nada de errado com isso. Sardenberg, se tocar no assunto, vai atribuir o fato à eficiência do setor, aos “ganhos de produtividade” — ainda que eles sejam obtidos com demissões em massa, alta dos juros e superexploração da mão-de-obra.
Em outras palavras, Sardenberg tem lado — o dos banqueiros.
Como crítico do governo, o ápice de sua carreira foi em um comentário no Jornal da Globo, quando previu o caos quando o crescimento econômico do Brasil entrou no ritmo dos 9%. Seria, disse ele então, o terror, por causa dos gargalos da infraestrutura.
Mas, agora, Sardenberg se superou. Em artigo no jornal O Globo e em comentário na rádio CBN, Sardenberg tentou responsabilizar o ex-presidente Lula e a presidenta Dilma pela situação econômica calamitosa da Grécia.
Segundo Sardenberg, Lula e Dilma deram conselhos ao jovem “que nem usa gravata”, Alexis Tsipras, em dezembro de 2012, quando o líder grego visitou o Brasil: “Ouviu que políticas de austeridade só levam ao desastre e que era preciso, ao contrário, aumentar o gasto público e o consumo”.
O artigo e o comentário sugerem que Tsipras teria adotado políticas equivocadas e afundado a Grécia. Na visão de Sardenberg, seria irônico Tsipras ter feito isso justamente quando Dilma Rousseff, reeleita, adotou no Brasil a austeridade que não recomendou ao colega grego.
No Facebook, o perfil do ex-presidente Lula fez piada:
Carlos Alberto Sardenberg, analista de economia de Rede Globo, Globonews, Estado de S. Paulo, O Globo, G1 e CBN desenvolveu uma explicação original para a crise econômica da Grécia. Diferente de economistas de renome internacional, como Paul Krugman e Joseph Stiglitz, para ele a culpa da crise grega é de Lula e Dilma.
Ele leu no site do Instituto Lula os registros de um encontro do atual primeiro-ministro, Alex Tsipras, com o ex-presidente Lula em 2012, e concluiu que a situação no país europeu piorou graças ao “aconselhamento” do ex-presidente e da presidenta. Já Krugman e Stiglitz acham que Tsipras está no rumo certo.
A imagem é uma brincadeira, mas a análise de Sardenberg sobre a Grécia foi real. Será que ele não está exagerando?
Por mais que o ex-presidente Lula pretenda não levar a sério o que diz Sardenberg, o fato é que, repetimos, ele fala e escreve para milhões de brasileiros, todos os dias.
Portanto, deveria ser desmascarado.
Para isso, basta citar um fato que Sardenberg sonegou em seu artigo e comentário radiofônico.
Alexis Tsipras tornou-se primeiro-ministro da Grécia em janeiro de 2015, quando o país  enfrentava profunda crise econômica. Aliás, Tsipras só se tornou primeiro-ministro pelo fracasso de seus antecessores em enfrentar as consequências da crise para o povo grego. Uma crise que dura pelo menos cinco anos.
Ou seja, nem que quisesse seguir supostos conselhos de Lula e Dilma para gastar à vontade o primeiro ministro grego teria condições de fazê-lo. Ele já estava amarrado na camisa-de-forças dos credores e tudo o que fez desde então foi tentar aliviar, aqui e ali, as condições impostas pela política de austeridade exigida em troca de socorro financeiro.
Para além disso, por força da submissão ao euro Tsipras nem teria como imprimir dinheiro e sair torrando, para atender aos desígnios de seus — segundo Sardenberg — “mentores” brasileiros.
Ou seja, para cumprir seu objetivo político, que é atacar o governo, Sardenberg distorce, omite, descontextualiza.
Além de queimar Lula e Dilma, é óbvia a intenção dele de colocar no mesmo prato a Grécia, uma economia falida e completamente dependente de negociações com agentes externos — a troika formada pelo FMI, BCE e Comissão Europeia — e o Brasil, que enfrenta uma crise infinitamente mais amena, com amplo acesso aos mercados financeiros internacionais, menor desemprego e reservas de mais de U$ 350 bilhões.
Há quem prefira ver como piada o que, na verdade, é mais um caso grosseiro de terrorismo midiático.

sábado, 4 de julho de 2015

Redução da maioridade penal - Todo mundo perde!

Grande parte de população se posiciona à favor da redução da maioridade penal que é objeto de emenda constitucional e tem levantado debates acalorados. Não quero entrar no mérito da questão. A Unicef realizou um trabalho calcado em fatos, dados e em racionalidade e constatou que tal medida seria desastrosa. Tal estudo se encontra aqui.
Assim, independente da medida se mostrar danosa à sociedade, à mesma é flagrantemente inconstitucional, visto que se trata de clausula pétrea.  O site do Senado conceituam tais clausulas como: "Dispositivos constitucionais que não podem ser alterados nem mesmo por Proposta de Emenda à Constituição (PEC). As cláusulas pétreas inseridas na Constituição do Brasil de 1988 estão dispostas em seu artigo 60, § 4º. São elas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.
As cláusulas pétreas atuam, portanto, como verdadeiras barreiras para a tentativa de reforma da Constituição Federal. Com ela, o núcleo central do ordenamento jurídico não sofre ataques com ingerências do Poder Legislativo. Sem ela, a Constituição se torna vulnerável e pode perder completamente o sentido político. 
Dessa maneira, a maioridade penal não pode ser reduzida, por se tratar de direitos e garantias individuais. Caso ela passe no Congresso e o Supremo Tribunal Federal não decretar a sua inconstitucionalidade (que creio pouco provável) a Constituição passa a ser flexibilizada, gerando grande insegurança jurídica para o cidadão.
Os defensores da redução podem alegar que tal medida só afetaria os menores infratores. Tal afirmação se pauta em reflexões pouco aprofundadas e simplórias. Ao quebrar a constitucionalidade do ordenamento jurídico uma vez, ela pode ser quebrada novamente.
Se a redução da maioridade penal for reduzida, daqui à pouco, mais direitos e garantias individuais também poderão ser retiradas! As Clausulas pétreas são garantias à todos os direitos mais importantes ao Estado Democrático de Direito e consequentemente ao cidadão!