O Mito Fidel - Monstro ou Gênio
Os veículos de comunicação noticiam que Fidel Castro Ruz faleceu
aos seus 90 anos. O portal uol noticiou:
O ex-presidente
de Cuba Fidel Castro morreu aos 90 anos de idade, informou neste sábado (26)
seu irmão, o atual mandatário do país, Raúl Castro, em um discurso transmitido
pela televisão estatal.
O líder histórico da Revolução Cubana faleceu na noite de sexta-feira (25), às 22h29 (hora local), e seu corpo será cremado "atendendo sua vontade expressa", explicou Raúl Castro, visivelmente emocionado.
O presidente cubano afirmou que, nas próximas horas, será anunciado como acontecerá o funeral de Fidel Castro, que foi visto pela última vez no último dia 15, quando recebeu em sua residência o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang
O líder histórico da Revolução Cubana faleceu na noite de sexta-feira (25), às 22h29 (hora local), e seu corpo será cremado "atendendo sua vontade expressa", explicou Raúl Castro, visivelmente emocionado.
O presidente cubano afirmou que, nas próximas horas, será anunciado como acontecerá o funeral de Fidel Castro, que foi visto pela última vez no último dia 15, quando recebeu em sua residência o presidente do Vietnã, Tran Dai Quang
Não se pode negar a
importância de Fidel Castro na história contemporânea. Líder de uma revolução
no quintal dos EUA deu início a um regime em 1959 em Cuba e persiste até
hoje sob liderança de seu irmão Raúl.
Tornou-se símbolo para
muitos na esquerda, como alguém que desafiou o império, erradicou o
analfabetismo e a fome em seu país. Por outro lado, principalmente entre os
partidários da direita, mas também entre alguns dissidentes da esquerda cubana,
Fidel se tornou um ditador sanguinário, assassino e perseguidor implacável dos
inimigos do regime castrista.
Creio que as duas visões
são simplistas e incompletas. É impossível julgar Fidel sem analisar o contesto
histórico e humano de uma figura tão complexa como ele.
A Revolução Cubana destituiu do poder um governo
ditatorial comandado por Fulgêncio Batista. De acordo com o site
http://mortenahistoria.blogspot.com.br/
Fulgêncio foi:
ex-presidente de Cuba de 1933 a 1940 e o
presidente oficial do país de 1940 a 1944 e novamente de 1952 a 1959, como
ditador. No primeiro período de seu governo entre 1933 e 1944, exerceu um
governo forte. Batista consolidou o seu poder concentrando em si todas as
nomeações para os cargos públicos. Durante o primeiro mandato de Batista, Cuba
cooperou na Segunda Guerra Mundial com os aliados e declarou guerra ao Japão,
Alemanha e Itália. Em março de 1952 regressou ao poder, novamente mediante um
golpe militar. Passou então a governar como um verdadeiro ditador, contando com
o reconhecimento diplomático e apoio militar dos Estados Unidos. Instaurou um
regime autoritário, mandando prender os seus opositores e restringindo as
liberdades através do controle da imprensa, da universidade e do congresso,
usando métodos terroristas e fazendo fortuna para si e para seus aliados
Batista governou com
mão de ferro transformando Cuba em um verdadeiro Cabaré dos EUA. Cuba antes da
Revolução não era um país democrático. A pobreza, concentração de renda e
desmandos de Fulgêncio oprimiam de maneira dura a ilha.
Nesse sentido a
Revolução Cubana retirou do poder uma ditadura severa e que estava no poder
apenas porque os EUA a apoiava e em troca Fulgêncio garantia todos os
interesses do Grande Império.
Deve ser ressaltado que
o regime castrista se deu em meio a Guerra Fria, onde as relações geopolíticas
se encontravam extremamente polarizadas entre as duas potências então existentes,
a Capitalista Estadunidense e os Socialistas Soviéticos.
Os EUA não aceitaram de
maneira alguma que seu ditador fosse deposto. Fidel em um primeiro momento não se
alinhou a União Soviética. Seus planos eram estabelecer um governo
nacionalista, porém não socialista. Como os EUA fizeram várias retaliações diretas
ao regime implantado com a Revolução, Fidel se viu acuado e
sem alternativa.
Assim, depois de
tentativa de invasão americana no episódio em que ficou conhecido com Invasão à Baia dos Porcos,
Conhecida
em espanhol pelo nome de "La Batalla de
Girón em Cuba", a Invasão da Baía dos
Porcos ocorreu quando um contingente de exilados cubanos contrários a
Fidel Castro, organizados pelos EUA, tentaram invadir a região sul de Cuba. Este
episódio ocorreu no ano de 1961 e os exilados de Cuba foram apoiados pelo
exército norteamericano e tiveram treinamento de agentes da CIA (Central
Intelligence Agency). O objetivo era depor o governo socialista que tinha se
instalado após a Revolução Cubana e derrubar Fidel Castro.(
http://www.infoescola.com/historia/invasao-da-baia-dos-porcos/)
e de um embargo
comercial que durou até o Governo Obama, que impediu que todos os países
aliados aos EUA (todos países capitalistas), o Governo Cubano se viu obrigado a
se aliar aos soviéticos. Em uma época polarizada, tal comportamento aumentou
ainda mais a animosidade entre os EUA e o Regime Cubano implantado por Fidel
Castro.
O Regime cubano passou
por várias retaliações estadunidenses, porém conseguiu persistir. Fidel sofreu
dezenas de tentativas de assassinato e várias sabatagens patrocinadas pelos
EUA.
Fidel Castro esteve na mira dos Estados Unidos por
décadas
De rifles de alta potência até comprimidos
envenenados, passando por canetas tóxicas e a contratação de assassinos
profissionais, estes foram alguns dos métodos que teriam sido utilizados pelos
Estados Unidos na tentativa de se livrar de Fidel Castro, o líder cubano,
incômodo à política americana de ampliação da influência que exercia na região.
Nas últimas décadas, as tentativas de assassinato
de Fidel vêm sendo objeto de análises e especulações. O fato de que algumas
dessas tentativas ainda permanecerem sem comprovação só colabora para
fortalecer ainda mais a imagem heróica de Fidel, que como líder de uma pequena
e frágil república caribenha, se opôs com ferrenha determinação ao vizinho
gigante e todo poderoso do norte.
Um dos homens que teve a missão de cuidar da
segurança de Fidel Castro durante anos, o ex-chefe do serviço secreto cubano
Fabián Escalante, escreveu um livro no qual detalha 634 maneiras usadas pelos
adversários de Fidel na esperança de assassiná-lo.
Dessa forma, cada vez
mais paranoico o líder cubano se tornou. Para manter a soberania cubana frente
a constante sabotagem yanke, o Comandante recrudesceu seu governo. Certamente
cometeu exageros e abusos aos Direitos Humanos. Porém a Revolução Cubana
conseguiu persistir e avançar, deixando de ser um mero quintal dos Estados
Unidos.
Erradicou a pobreza, o
analfabetismo, consolidou a medicina cubana como uma das mais avançadas do
mundo e ainda enviou médicos cubanos para várias expedições humanitárias. Por outro lado, a liberdade de expressão da população sofreu restrições,
direitos de locomoção também, liberdade política e outras liberdades civis não eram
plenas da ilha.
Ao contrariar os
interesses do Império Yanke, foi duramente perseguido e isolado. Para se manter
de pé se aliou à União Soviética para conseguir apoio. Radicalizou a repressão
e certamente cometeu abusos. Porém como julgá-lo?
Fidel é um símbolo. A
direita radical é obcecada por Cuba. Parte da esquerda é encantada. Uma pequena
ilha que se levantou contra os interesses imperiais dos EUA. Erradicou a
pobreza, porém sua sociedade está longe de uma sociedade ideal. Pouca
liberdade, restrições de ir e vir dos cidadãos, baixo desenvolvimento econômico.
Cuba e as ações de Fidel não podem ser vista sem o contexto da história e da
Guerra Fria.
Fidel, nem monstro nem Monstro nem Gênio, mas sim o líder possível para uma revolução cubana em meio à Guerra Fria, que marcou seu nome na história.
Fidel, nem monstro nem Monstro nem Gênio, mas sim o líder possível para uma revolução cubana em meio à Guerra Fria, que marcou seu nome na história.
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